Saúde Mental – Construção e Manutenção
Se alguém lhe perguntasse hoje “o que é saúde mental?”, como você a conceituaria? Você saberia dizer o que é preciso para alcançá-la e mantê-la?
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde mental é conceituada como o estado de bem-estar que possibilita ao indivíduo perceber e desenvolver suas próprias habilidades, ter a capacidade de lidar com as tensões e problemas da vida, buscando auxílio quando necessário, trabalhar de forma produtiva, bem como poder realizar contribuições para a comunidade a qual pertence.
Indo além, pensando numa parcela populacional mais específica, a infantil, é necessário abranger o olhar de modo a compreender que aspectos cruciais do seu desenvolvimento participam ativamente desta construção. Aqui falamos sobre ter a possibilidade e ferramentas necessárias para desenvolver um autoconceito positivo, bem como habilidades e amparo para lidar com os seus pensamentos e emoções, bem como construir relações sociais, de modo que esteja apto a aprender e trocar com aquilo que o meio externo tem a lhe oferecer.
Quer dizer, mais do que a ausência total de problemas, ou uma maneira ideal de se levar a vida, saúde mental diz respeito à capacidade do ser humano em lidar com as mais adversas situações que podem atravessá-lo na vida cotidiana.
A partir daqui vale ressaltar que, talvez contrariando um pensamento que ainda possa estar presente na nossa sociedade, os determinantes para a existência (ou não existência) da saúde mental em um sujeito, vão muito além de atributos individuais.
A construção e manutenção deste aspecto da nossa saúde são constantemente atravessadas por fatores socioeconômicos. Para além da capacidade de gerenciar os próprios pensamentos, emoções, comportamentos e interações com outras pessoas; os fatores sociais, culturais, econômicos, políticos, ambientais, as políticas nacionais, os padrões de vida, condições de trabalho e apoio social da comunidade também influenciarão neste processo.
De maneira geral, estar mentalmente saudável dialoga com qualidade de vida; e qualidade de vida dialoga diretamente com fatores socioeconômicos. Estar empregado, ou possuir os recursos necessários para viver de maneira digna, enxergar-se satisfeito em suas ocupações (pessoais e profissionais), possuir uma participação social de qualidade, poder desfrutar e ter ferramentas para alcançar lazer, estar numa sociedade que compreende e aplica a noção de equidade, ou seja, viver cotidianamente de maneira significativa, com plena consciência de que o está fazendo, são alguns do caminhos, além dos atributos individuais, que aproximam o ser humano daquilo que chamamos hoje de saúde mental.
Jéssika Koste Sangali
CRP 07/32940